
Futebol de Formação

Pais, em vez de pagarem a "PT's" de futebol para os vossos filhos treinarem individualmente, desafiem os vossos filhos passarem os dias a jogar à bola com os amigos, seja na rua, na praia ou no jardim. Aposto que terão melhores resultados no final e ainda poupam!
O sucesso dos clubes de futebol, ao nível da formação não deve ser medido pelos títulos conquistados, mas sim pelo aproveitamento dos atletas de um escalão para o outro e sobretudo pelo número de jogadores que consegue colocar na equipa principal!
A competição faz parte do processo de formação! Se uma criança só treina e não compete, então o seu processo de formação é redutor e incompleto!
Para o/as jovens jogadores/as:
Não tenham problemas em utilizar o pé mais fraco em treino. Usem-no sempre que seja necessário, pois só assim é que poderão evoluir. Caso falhem o passe, receção ou remate fiquem chateados/as. Chateados/as pelo facto de terem falhado e não porque a bola vos foi passada para esse pé. Reparem que, se o motivo que vos leva a ficarem chateados/as foi por terem falhado, então irão continuar a insistir até melhorar, mas pelo outro lado, se o motivo que vos leva a ficarem chateados/as foi porque vos passaram para o pé mais fraco, irão sempre culpabilizar os outros e consequentemente não irão evoluir. E esta diferença comportamental pode fazer a diferença no futuro.
Não deixa de ser curioso e até um contrassenso os pais procurarem uma estrutura organizada (como são os clubes de futebol) para que os seus filhos possam usufruir de uma atividade desportiva supervisionada e direcionada, que os oriente a adotar estilos de vida mais saudáveis, adquirir competências pessoais e sociais, afastando-os assim dos aspetos negativos da nossa sociedade... mas depois muitos desses pais durante os jogos dos seus filhos têm comportamentos completamente opostos!
É fundamental que durante o processo de treino, as questões ligadas à ética desportiva, fair play e aos bons valores não sejam negligenciados, pois essa transmissão terá um impacto positivo não só na vida das crianças e jovens, como também no futuro da modalidade.
Provavelmente, no futuro, teremos melhores jogadores, melhores pais, melhores treinadores, melhores árbitros, melhores dirigentes e melhores adeptos!
Como pode um treinador estar preocupado com a formação e evolução dos seus jovens jogadores, se depois não permite que os mesmos tenham liberdade para arriscar e/ou errar?
Na minha opinião, não só se deve permitir que os jovens jogadores tenham essa liberdade, como esses comportamentos devem ser encorajados.
A evolução surge com o arriscar, com a tentativa/ erro, este ultimo desde que seja devidamente corrigido!
"Não existe experiência sem erros e não existe evolução sem experiências"
Muitos se esquecem (sobretudo os pais), mas a criança/jovem que é "craque" da sua geração (ano de nascimento), quando chegar ao escalão sénior terá que disputar o lugar com os craques das outras gerações!
A ingenuidade, a alegria e a pureza de um jogo de futebol entre Petizes, é um dos factores que torna este desporto tão especial!
Muitos deveriam de assistir a um destes convívios, para voltarem a lembrar-se da essência que é um jogo de futebol!
"Somos o animal com a infância mais longa e não necessitamos de aprender tudo à pressa, em função da expectativa dos adultos e das instituições educativas"
Esta frase assenta como uma luva no futebol infantil!
As crianças começam cada vez mais cedo a jogar futebol num clube, 4/5 anos. Quando chegam à idade de senior algumas já poderão ter 14 anos de futebol (que é quase tanto tempo que dura a carreira de um jogador profissional). Portanto, caros treinadores não queiram logo desde cedo formatar os miudos e/ou especializá-los. Deixem-nos desfrutar do jogo, brincarem, divertirem-se, não queimem etapas. Com certeza que os resultados serão muito melhores!

Num mundo cada vez mais sedentário, a OMS recomenda a prática de PELO MENOS 3 dias por semana de atividade física vigorosa para as crianças e jovens, durante 60 minutos em cada dia.
Por norma, os escalões mais jovens no futebol treinam apenas 2 vezes por semana (abaixo do que é recomendado).
Caso as crianças pratiquem outra atividade desportiva, não há problema.
O problema é que o custo de 2 mensalidades não está ao alcance de todos, aliás, arrisco-me a afirmar que a mensalidade de 1 atividade desportiva já pode ser um verdadeiro sacrifício para algumas famílias.

Treino com crianças?
Jogar, jogar, jogar, tomarem as suas decisões, deixar errar! Tão simples!
Antes de ser Treinador sou em primeiro lugar um Professor e como tal nas minhas aulas exijo sempre aos meus alunos rigor, concentração, disciplina, empenho, atitude, perseverança, superação, espírito de equipa, competividade e no caso específico do Futebol mais uma característica - a INTENSIDADE.
Enquanto os clubes não valorizarem os Treinadores de Formação da mesma maneira que valorizam os Treinadores das equipas Seniores, consciente ou inconscientemente os Treinadores de Formação tenderão a tentar valorizarem-se, através da obtenção de resultados. Ou seja, treinar em função do resultado significa que não vão ensinar o jogo, mas sim uma forma de jogar.
Quem sai prejudicado são aqueles que menos têm culpa
CRIANÇAS/JOVENS!
Entende-se por força técnica as ações específicas dos jogadores: capacidade de arranque, travagens, mudanças de direção, saltar, cabecear, etc...Para isso basta criar exercícios específicos com um reduzido número de jogadores, espaço reduzido e duração do exercício também reduzido. Este tipo de trabalho pode e deve ser feito nas camadas jovens.
Questiono-me como ainda se aplicam exercícios (por exemplo marcação de penaltis) em que marca um de cada vez, enquanto todos os outros estão em espera?
A situação piora quando está um frio de rachar...
Piora ainda mais quando se trata de um treino de escalões de formação...
Em relação às crianças, o mais importante de tudo é ensinar-lhes os princípios específicos de jogo.
É mais fácil ensinar futebol a jovens jogadores do que corrigir os erros dos Seniores
Empresários de Futebol... Alguns não valem o chão que pisam... Infelizmente isto é uma prática muito comum, vender sonhos a inúmeros jovens que caem no conto do vigário.
O primeiro posicionamento defensivo que deve ser ensinado é o do defesa se colocar entre o adversário e a baliza!
Esta afirmação deveria de ser óbvia para quem treina, no entanto na prática parece-me que este ensinamento está a ser cada vez mais negligenciado nos escalões mais jovens, devido à fixação que atualmente existe sobre a tatica, onde está-se a dar mais importância ao posicionamento das crianças dentro do sistema tático.