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FORMAR CAPITÃES NO FUTEBOL INFANTO-JUVENIL TAMBÉM É FORMAÇÃO

  • Foto do escritor: Vitor Escudeiro
    Vitor Escudeiro
  • 22 de ago.
  • 4 min de leitura
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No futebol, o capitão desempenha um papel fundamental. Ele ajuda a construir o espírito de grupo, aprimorar estratégias e manter os jogadores motivados. Um bom capitão lidera pelo exemplo, incentivando o esforço de todos para trabalhar em prol da equipa e fazendo a ponte entre os jogadores e a equipa técnica. Também têm como função criar um ambiente saudável no balneário de modo a que todos os seus companheiros se sintam valorizados.


Se olharmos para o futebol de alta competição os capitães, são por norma atletas com capacidade de liderança, carácter e trabalho, respeitadores, confiáveis e competitivos, características que demonstram tanto dentro como fora do campo. Já quando olhamos para o futebol de formação, o capitão tende a ser o melhor jogador da equipa (devido às suas capacidades atléticas – estas não são sinónimo de liderança) e muitas vezes a sua única função é de junto dos árbitros escolher campo ou bola no início dos seus jogos.


Ser capitão no futebol infantojuvenil pode e deve ser muito mais que isso. Desde que o Treinador dê a sua devida importância, as funções podem ser de grande responsabilidade. Uma responsabilidade da qual qualquer criança/jovem de certeza que se orgulhar-se-á. Ser capitão de uma equipa infantojuvenil pode aumentar a confiança e a auto estima da criança/jovem, como também a sua responsabilidade e comunicação.


Nesse sentido, na minha opinião, esta questão do Capitão de Equipa deve ser, no futebol infantojuvenil, um dos objetivos da formação, que pode e deve ser trabalhada desde os escalões mais jovens, pois trás inúmeros benefícios:

  • Liderança - Ser capitão permite que as crianças/jovens desenvolvam e aprimorem as suas habilidades de liderança. Contribui igualmente para a capacidade da criança/jovem tomar decisões sob pressão, bem como motivar os seus colegas.

  • Comunicação - Comunicação eficaz é fundamental para o trabalho de equipa. O papel do capitão ensina as crianças/jovens a articular seus pensamentos e ideias com clareza.

  • Confiança e autoestima - O reconhecimento e a confiança demonstrados pelos treinadores e colegas promovem um sentimento de orgulho e realização. Superar desafios, tomar decisões, criticar e contribuir para o sucesso de todos, contribuem para uma autoimagem positiva.

  • Trabalho de equipa e cooperação - Como capitão, as crianças/jovens aprendem a importância de trabalhar em harmonia com diferentes personalidades para alcançar um objetivo comum.

  • Responsabilidade e Tomadas de Decisão - A tomada de decisão é aprimorada, pois começam a entender que suas ações e decisões podem ter um impacto direto na equipa. Esse senso de responsabilidade é essencial para o desenvolvimento do caráter. Ensina a importância da confiabilidade e do comprometimento.

  • Resiliência - Ser capitão expõe as crianças aos altos e baixos da competição, ensinando-lhes resiliência diante da adversidade. Aprender a recuperar das derrotas, adaptar-se a desafios inesperados e manter uma atitude positiva contribui para o desenvolvimento da resiliência.


Tal como em qualquer processo de formação, as tarefas a exigir a um capitão de equipa devem ir evoluindo do mais simples para o mais complexo à medida que vão subindo de escalão. Da mesma forma a experiência de ser capitão, também deve ser alargada a todos os atletas nos escalões mais baixos e depois ir havendo uma redução do número de jogadores à medida que vão subindo de escalão.


  • Nos escalões até sub 9, todos os atletas devem passar pela experiência de capitão. Em cada semana 1 a 2 jogadores assumem, indicados pelo treinador. As funções podem passar por exemplo por fazer o grito no final dos treinos e antes dos jogos, ajudar os treinadores a levar o material desportivo antes e depois do treino.

    No escalão dos sub 11, só deve passar pela experiência de capitão, aqueles jogadores que o treinador ache que estão a cumprir com as regras instituídas, que são assíduos e pontuais, que treinam bem… As suas funções podem passar por verificar se todos os colegas trazem o equipamento completo de treino/jogo, de fazer os alongamentos no final do treino.

  • Nos sub13, o número de capitães reduz-se para 5/6 atletas escolhidos pelo treinador. As suas funções podem passar por dar o aquecimento nos treinos/jogo, o treinador deixar o capitão falar antes ou depois das palestras, tanto nos treinos como os jogos.

  • A partir dos sub 15 para a frente ser nomeado apenas 1 capitão e 2/3 sub capitães. O treinador deve ouvir a opinião dos jogadores sobre a escolha do capitão e respetivos sub capitães, mas a última da palavra deverá ser sempre do treinador. As funções podem passar por definir quem são os jogadores responsáveis por levar o material antes e depois do treino. Fazer reuniões com a equipa, sem a presença do treinador, promover atividades extra futebol.  


Como já mencionei em outros artigos, o futebol infantojuvenil incute habilidades e dota as crianças/jovens de ferramentas fundamentais para a vida adulta. Além do treino do futebol, do espírito de equipa e da disciplina, nomear crianças/jovens como capitães da equipa, pode ter um impacto bastante positivo no seu desenvolvimento pessoal.


O que apresentei aqui foram apenas algumas sugestões e exemplos do que se pode fazer nesta questão da gestão dos Capitães. Com certeza que existem outras sugestões, outras ideias, que quem quiser sinta-se â vontade para partilhar.

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