“Lamentavelmente não existe muitos treinadores que se ponham à disposição para falar porque pensam logo que os estão a colocar em causa. Eu gostaria muito que um jogador viesse falar comigo e fizesse a pergunta: Porque fazemos aquele exercício. Gostaria muito porque é uma maneira de se envolver. Mas muitos treinadores tomam-no logo como um ataque, não sei se por insegurança...por isso nunca tive muitos que se puseram ao dispor dessas minhas inquietações. Gostaria de ter tido como treinador quando era já maior, com 29 ou 30 anos, porque o tive quando ainda era miúdo e sem partilhar algumas ideias, mesmo assim foi com o tipo que mais aprendi. Mas atenção: não pensem que era fácil chegar perto dele…porque ele impunha uma relação distante. Só que, cada vez que chegava perto de ti....aprendias!” Mister Cláudio Silveira.
Partilho da opinião do Mister Cláudio Silveira. Admiro quando os jogadores questionam-me sobre o treino. Não o vejo como ataque pessoal (e mesmo que o visse, como sou seguro daquilo que aplico em treino e acima de tudo porque sei o porquê, consigo justificar).
A este pequeno texto apenas acrescentaria o seguinte: por vezes os jogadores não abordam os treinadores, não porque não se querem envolver no treino, mas por medo de duas situações:
- 1º - porque pensam que o treinador pode-o considerar como um ataque pessoal;
- 2º - porque pensam que ao abordar o treinador passam a mensagem que não perceberam nada do que lhes foi transmitido e que assim o treinador pode preteri-lo por outro jogador. Quando esta segunda situação ocorre, os jogadores cometem um duplo erro, pois ao não perceberem o que lhes foi transmitido, o mais certo é falharem no exercício.
Ambas as situações podem ser resolvidas pelo treinador, desde que este, desde o inicio da época: - envolva os seus jogadores, questionando-os para que servirá determinado exercício;
- transmita abertura aos jogadores de modo a que estes sintam confiança o suficiente para o abordar.
O treinador tem que se lembrar que os jogadores fazem parte do processo de treino e que portanto eles devem estar constantemente envolvidos. Por esse motivo, o treinador deve por um lado dar abertura para os deixar comunicar consigo, por outro lado “puxá-los” para dentro do processo de treino.
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