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CAMPOS DE FUTEBOL ASSIMÉTRICOS


Nota: Este artigo tem por base a noticia que saiu no Jornal de Noticias. Poderão ler a notícia no seguinte link: http://www.jn.pt/desporto/galerias/interior/campos-de-futebol-assimetricos-combatem-falta-de-espaco-5418990.html

Qualquer espaço desportivo, de acesso livre às crianças e jovens, construído para a prática de futebol tem todo o meu apoio, nomeadamente nas grandes cidades, onde cada vez mais o espaço livre escasseia. Esta ideia, de rentabilizar os espaços "mortos" existentes entre os prédios é fantástico, no entanto gostaria apenas de deixar este pequeno apontamento... Compreendo que por uma questão de estética ao nível da cidade, os locais ficam muito mais aprazíveis para aquela comunidade, no entanto, numa altura, em que os entendidos em futebol, nomeadamente de formação, defendem que as crianças deveriam voltar para a rua, para aprender a jogar futebol (inclusivamente, o Ajax já promove esse tipo de "treinos", levando os jovens para a rua), estes espaços não estarão a contrariar essa ideia? Escrevo isto, pelo facto de antigamente, era (entre outros) nos espaços entre os edifícios onde, muitas vezes, juntavam-se jovens e crianças e com apenas 4 pedras e uma bola fazia-se grandes jogos de futebol. O piso irregular/desnivelado, e “barreiras” que pudessem eventualmente existir eram essenciais para o desenvolvimento técnico dos jovens e crianças, devido à imprevisibilidade da trajetória da bola perante estes obstáculos (o que não acontece com os pisos nivelados). Ruben Jongkind, Diretor da Universidade Cruijff adianta ainda mais: “ Quando uma criança joga na rua e cai, magoa-se: e muito. Por isso, quando cai uma vez, o cérebro dela vai criar mecanismos de defesa para não cair outra vez. Esses mecanismos têm que ver sempre com espaço. Por que têm a ver com o espaço? Simples: porque quando ela entra em contacto físico, corre o risco de cair. Por isso, e para evitar o contacto físico, tem de criar espaço, tem de fugir ao confronto com os outros jogadores. Isso é muito importante, porque no futebol decisivo é fundamental saber criar espaço.” Os próprios jogadores de top reconhecem a importância que teve o futebol de rua para o seu desenvolvimento motor: “Praticamente tudo que sei aprendi a jogar na rua. (...) Tinha de usar as paredes, que me ajudam a fazer tabelas, a contornar o lixo e os buracos, e tudo isso melhorou a minha técnica... aprendi tudo no alcatrão” Rooney; “Para os brasileiros, a rua é o lugar onde se aprende a jogar futebol. Você percebe na movimentação, no primeiro toque, na nossa capacidade de controlar a bola em velocidade” Neymar Ou seja, estes campos são sem dúvida uma mais valia para as crianças e jovens dos locais onde estão a ser implementados. Ao nível motor, as crianças irão com certeza desenvolver-se, mas esse desenvolvimento não será tão rico comparativamente ao estado “puro” da Rua. Provavelmente as autarquias, poderiam investir o dinheiro destes campos, em locais onde realmente não existem qualquer tipo de condições para a prática de futebol. Em todo o caso é de louvar estes campos assimétricos, pois mais vale isto que nada!

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