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CURSOS DE TREINADOR DE FUTEBOL

O Presidente da Liga Pedro Proença veio dizer que os antigos jogadores de futebol deveriam poder “saltar etapas”, devido ao conhecimento prévio que tiveram enquanto jogadores de futebol, para se tornarem treinadores.


Esta afirmação deixa-me no mínimo perplexo e até considero ofensivo, insultuoso e uma falta de respeito para todos aqueles treinadores que independentemente do escalão ou divisão em que trabalham, dedicam-se à “profissão” de ser treinador (profissão entre aspas pois a grande maioria são amadores).


Mas será possível que um jogador de futebol: - tem conhecimento de como se faz um planeamento? - tem conhecimento de como se planifica uma sessão de treino? - tem conhecimento da aplicação de um exercício nos seus diferentes parâmetros: duração, nº de repetições, tempo de recuperação? número de séries? - das cargas a aplicar nos diferentes treinos? ...


Eu diria que não... Mas mesmo que tenham adquirido competências na área do treino, isso não lhes dá o direito de treinarem uma equipa. Porquê? Porque vivemos numa sociedade regida por leis e as mesmas ditam que só pode ser treinador de determinada divisão quem possuir o curso de nivel X.

Ou seja, não está em causa a COMPETÊNCIA, mas sim HABILITAÇÕES: - Tem habilitações pode treinar (mesmo que não seja competente); - Tem competência mas não tem habilitações não pode treinar.


No entanto, alguns conseguem treinar sem as devidas habilitações. E aqui não vou culpabilizar os Xicos Espertos (leia-se Dirigentes e Empresários), que conseguem contornar a lei, indicando um outro treinador como sendo o principal. Aqui, tenho que culpabilizar o Treinador que compactua com esta situação, ou seja aquele que autoriza que o seu nome seja colocado como sendo o Principal, dando aso que este procedimento/conduta seja copiado por outros.


A lei está mal feita? A minha opinião é sim, mas infelizmente é o Modelo que existe e portanto enquanto não é reformulado, há que ser cumprido.


O Modelo dos cursos de treinadores de futebol neste momento é péssimo. Deixo aqui um exemplo de alguém que tenha ambições de querer ser Treinador e que vai começar do zero.

Treinador - Ano 0 UEFA C – 2 épocas desportivas, onde no 1º ano é a componente teórica e prática da formação geral e específica e o 2º ano com o estágio. Sinceramente não compreendo o porquê de ter que ser uma época inteira o estágio. Em cursos superiores, por exemplo, os primeiros estágios são sempre de poucos meses. E porque não o estágio não estar incluído no mesmo ano da Formação?

Treinador - Ano 3 (porque para poder concorrer a este curso teve que exercer a função de treinador durante uma época) UEFA B – 2 épocas desportivas nos mesmos moldes.

Treinador – Ano 7 (porque para poder concorrer a este curso teve que exercer a função de treinador durante 2 épocas em campeonatos nacionais ou ligas profissionais) UEFA A – 2 épocas desportivas que difere dos outros cursos anteriores pois a componente teórica e prática da formação específica é feita em regime de internato.

Treinador – Ano 10 (porque para poder concorrer a este curso teve que exercer a função de treinador durante 1 época em campeonatos nacionais ou ligas profissionais) UEFA PRO – 6 meses.

Ou seja, a formação total de um treinador de futebol demora, no mínimo 10 anos e meio. Este tempo é maior que a formação na grande maioria dos cursos superiores.


No entanto, parece que as entidades ligadas ao futebol andam a tentar criar um novo modelo de formação. Espero que seja melhor que o atual e que comecem a realizar cursos (de todos os níveis), com mais regularidade, de modo a que os treinadores que queiram evoluir possam ter oportunidade de o fazer.

No final, os treinadores competentes (mas agora habilitados) continuarão a ter sucesso e ao mesmo tempo contribuirão para deixar de existir este clima de suspeição no futebol.


P.s. - confesso que não entendo os treinadores que defendem estas situações. Muitos destes defensores estão sempre a “chorar” que a Carreira de Treinador não tem o reconhecimento merecido e que deveria de ser mais valorizada e haver mais respeito por esta “profissão”. No entanto, quando surgem estes casos de treinadores que contornam a lei, concordam. Há que perceber que ações deste género, não ajudam a atingir o reconhecimento, a valorização e o respeito que todos os treinadores merecem (e mais uma vez repito, independentemente do escalão ou divisão em que treina).

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