Devido ao isolamento social a que todos estamos sujeitos, o Mundo do Futebol está parado. Parado? Só dentro das 4 linhas, pois um treinador mesmo nesta situação não pode nem deve estar parado. Tenho assistido aqui pelas redes sociais alguns bons exemplos:
o mister Claudio Saúde que criou um programa de treinos para 3 meses que já foi replicado por vários clubes nacionais e internacionais;
o mister José Fernandes que juntamente com a sua equipa técnica tem mantido os seus jogadores ativos através de treinos físicos online;
o Mister Sérgio Lourenço que já realizou alguns videos para aperfeiçoamento de técnica individual de guarda-redes;
a ANTF que tem promovido workshops online (algumas com acreditação de créditos para a renovação da cédula de treinador) para os treinadores que são sócios da associação;
o canal FDF Futebol de Formação que tem organizado um conjunto de programas com convidados a falar sobre diversos temas (mais dedicados ao Futebol de Formação);
e outros tantos bons exemplos que se pode encontrar por aqui.
Nesse sentido o Treinador, durante este período de isolamento social pode e deve manter-se no ativo, podendo debruçar-se sobre:
os seus jogadores - através da optimização das dimensões físicas e técnicas. Outro aspecto a ter em conta é o estado psicológico dos jogadores, que pode ser afectado devido ao isolamento (pode surgir agressividade, medo, insegurança...). Outros dois aspectos a ter em conta são a alimentação e o descanso. Para tal é fundamental que o treinador mantenha o contacto regular com os seus jogadores a nível individual e coletivo.
auto - avaliação - o treinador deve ter a capacidade de fazer uma auto avaliação do trabalho desenvolvido até ao momento da paragem. Essa avaliação pode incidir-se sobre:
modelo de treino adoptado - o que tem corrido bem, o que tem corrido mal, estratégias para maximizar as sessões de treino, a organização e operacionalização do treino;
os seus comportamentos nos diferentes contextos e situações - em treino, em jogo, nas palestras...;
a sua comunicação verbal, não verbal, o saber ouvir, o feedback;
o seu estilo de liderança.
Evolução enquanto treinador - através de leitura de livros e/ou artigos; participação em workshops ou seminários virtuais; assistir videos, criar debates e trocas de ideias com outros treinadores.
Época Desportiva - numa altura em que ainda não se sabe (pelo menos ainda não existe uma decisão final em algumas associações de futebol) se os campeonatos vão reatar ou se a época já terminou, o treinador deve focar-se nos 2 cenários possíveis:
terminar a época desportiva - neste cenário o treinador deve fazer uma avaliação do seu Modelo de Jogo*; dos jogos realizados (aspectos negativos o e aspectos positivos); estudar os próximos adversários;
preparação da próxima época desportiva - neste cenário o treinador deve em primeiro lugar perceber junto da Direção do seu clube (para os casos em que não existem contratos) se pretendem continuar a contar com ele na próxima época. Caso continue no mesmo clube deverá: definir objetivos; definir os jogadores do plantel (entradas e saídas); planificar a pré época;
Por fim, há que ter em conta que tudo isto que mencionei tem que ser adaptado à realidade de cada treinador, pois na nossa classe existem os profissionais, os amadores e os “PROFISSIONAIS AMADORES”.
*Num grupo no qual faço parte, surgiu a questão se o Modelo de Jogo poderia ser optimizado neste período. Na minha opinião, não pode ser optimizado, porque quanto mais tempo parado mais se esvanece a ideia de um jogar, isto porque o modelo de jogo é caracterizado pelo conjunto de comportamentos que o treinador quer que a sua equipa assuma nos diferentes momentos. Ora esses comportamentos só podem ser adquiridos em treino (prática), através da interacção entre os jogadores (quer sejam grupais, sectoriais, intersectoriais e/ou colectivas). Outro motivo é o facto de que um modelo de jogo não é algo estanque, mas algo que está sempre em constante evolução, algo que também só se consegue através da prática. “Ser Profissional no Amador”
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