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PEDAGOGIA DO DESPORTO - UMA FERRAMENTA FUNDAMENTAL NA OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DO TREINO JUVENIL



A pedagogia do desporto é uma ciência social que tem como objetivo a formação dos jovens pelo desporto, tentando responder à questão “Como ensinar e treinar bem”, a partir de um conjunto de técnicas, princípios, métodos e estratégias de ensino, de forma a otimizar a ação do treinador através do processo de treino.


Em conversas, que vou mantendo com outros treinadores, sobre futebol de formação, uma das ideias mais consensuais que oiço, é que os bons treinadores de futebol é que devem treinar os escalões de formaão. Mas afinal, o que é isto de ser um “Bom Treinador”?

A definição de Bom Treinador” é discutível e varia de pessoa, para pessoa. Há quem considere que os melhores treinadores são aqueles que obtém os melhores resultados desportivos, outros consideram que são aqueles que têm muito conhecimento ao técnico tático e metodológico da modalidade, outros ainda que são aqueles que conseguem transmitir valores aos seus jogadores… e por aí adiante.


Na minha opinião um treinador é em primeiro lugar um educador, logo um Bom Treinador será alguém responsável por uma boa educação, ou seja, aquele que consegue incutir transformações positivas nos jovens, ao nível: técnico (conhecimento do jogo, habilidades técnica e tática…), cognitivo (pensamento, capacidades intelectuais e linguísticas…), motor (ou psicomotor) e sócio afetivos (relacionamento, sentimentos, atitudes e valores), a curto, médio e longo prazo.

No entanto, as crianças e jovens ao longo deste período da vida passam por várias fases de desenvolvimento, tanto ao nível cognitivo, como motor e sócio afectivo. Nesse sentido, acredito que cada treinador (devido à sua personalidade e forma de comunicar, aliado ao conhecimento específico das características dos diferentes estágios de desenvolvimento das crianças) está mais capacitado para treinar determinados escalões em detrimento de outros.

De uma forma geral o “Bom Treinador” é aquele que:

  • estrutura o treino de modo a manter os atletas o maior tempo possível empenhados;

  • informa claramente o que fazer, como, onde e porquê;

  • potencia a aprendizagem e desenvolvimento dos seus atletas (tempo potencial de aprendizagem – tempo que o atleta está em exercício com elevado grau de sucesso);

  • corrige os atletas;

  • consegue criar um bom ambiente;

  • possui um conjunto de saberes para a otimização do seu processo de treino.

Sendo mais específico, para a otimização do processo de treino, o Treinador tem de ter em consideração os seguintes fatores:

Dinamismo

  • Boa organização do treino

  • Treinos dinâmicos

  • Transição rápida entre exercícios

Entusiasmo

  • Nos Exercícios

  • Ao ensinar/explicar

  • Aos jogadores

Personalização das Relações

  • Ser educado

  • Tratar os jogadores pelo nome

  • Mostrar interesse pelos jogadores

  • Interagir com todos os jogadores de igual modo

  • Interessar-se pelos problemas dos jogadores

  • Valorizar todos os jogadores

  • Disponibilidade para falar com os jogadores fora do contexto de treino

  • Considerar as suas opiniões

  • Solicitar a valorizar a participação

  • Aceitar e utilizar as ideias dos jogadores desde que válidas

  • Encorajar os jogadores a exprimirem as suas opiniões e respeitá-las

  • Ser paciente com os jogadores mais fracos

Comunicação

  • Comunicação verbal

Mostrar disponibilidade para conversar

Saber ouvir, demonstrando interesse e atenção

Responder honestamente às questões que lhe são colocadas

Exprimir, mas de uma forma controlada, as suas emoções

  • Comunicação Não Verbal

Sorrir e rir frequentemente

Utilizar os contatos físicos (palmadinha nas costas, “cinco”, bater palmas…)

Intervenções não verbais (sinais por gestos)

Reforços

  • Estimular as motivações

  • Feedbacks positivos com frequência

  • Elogiar bons comportamentos

  • Motivar para os jogadores não desistirem

  • Fazer os jogadores sentirem que acredita neles

  • Elogiar os jogadores pelo seu esforço e resultados

  • Ser encorajador

Justiça

  • Estabelecer regras claras e justas onde todos estejam de acordo

  • Estimular o respeito pelas regras

  • Ser coerente e imparcial

  • Promover a igualdade

Credibilidade

  • Mostrar que é o treinador certo para a equipa

  • Passar a mensagem que os jogadores são capazes de aprender e evoluir

  • Promover a confiança entre todos (treinador/jogador; jogador/jogador…)

  • Dominar o que diz

  • Dizer o que pensa

  • Respeito, sinceridade e honestidade

Coesão de Grupo

  • Encorajar os jogadores mais talentosos a fazer sacrifícios pela equipa

  • Promover o sentido de responsabilidade

  • Estabelecer objetivos claros e realistas

  • Dar ênfase à equipa e não a individualidades

  • Promover a cooperação

  • Tornar claro papel de cada jogador no interior da equipa

  • Promover a proximidade entre jogadores

  • Dar ênfase às tradições da equipa

  • Desenvolver o orgulho e sentimento de identidade coletiva

  • Promover encontros regulares informais, fora do contexto de treino

  • Promover a autoconfiança

  • Esforçar-se por conhecer a vida pessoal dos seus jogadores

Controlo do Treino

  • Estar atento permanentemente

  • Ter uma visão global do treino (ver todos e ser visto)

  • Deslocar sempre por fora dos exercícios de modo a não ter atletas nas suas costas

  • Mostrar interesse e entusiasmo

  • Valorizar e encorajar os comportamentos desejáveis

  • Dinamizar a interajuda

  • Pressionar para os exercícios

  • Ser firme

  • Feedbacks positivos

  • Parar por momentos e observar o treino

Gestão do Treino

  • Criar e treinar as rotinas

  • Usar racionalmente o espaço de treino e material de treino

  • Organizar (sempre que possível) os exercícios de modo a que todos estejam em prática ao mesmo tempo

  • Reduzir o tempo nas transições entre exercícios e tempos de espera nos próprios exercícios

  • Montar e desmontar os exercícios (na desmontagem podem pedir ajuda aos jovens)

  • Alternar intensidades e tipos de esforços

Escolha dos Exercícios

  • Explicar de forma sucinta os exercícios e os objectivos dos mesmos

  • Escolher exercícios adequados à equipa que sejam agradáveis e desafiantes

  • Ajustar os exercícios quando necessário

  • Planear exercícios alternativos, para substituir caso algum exercício não seja adequado à equipa

  • Planear variantes de facilidade ou dificuldade

  • Definir equipas rapidamente (preferencialmente já trazer para o treino as equipa feitas)

  • Progressão do mais simples para o mais complexo

Feedback

  • Específico, explicativo relacionado e apropriado ao nível dos seus atletas

  • Procurar a individualização das intervenções

  • Focalizar sobre o essencial

  • Ser congruente com as exigências do exercício

  • Evitar corrigir tudo ao mesmo tempo

  • Curto para garantir a atenção


Para terminar, partilho o seguinte texto: “Não deverá bastar aos treinadores um elevado domínio dos aspetos técnicos dos seus desportos sem que as suas conceções de ensino e treino sejam objeto de reflexão, sem que os valores ético-desportivos sejam considerados, pelos próprios, como uma dimensão significativa da sua responsabilidade profissional e do seu próprio projeto de vida.” (António Rosado 2015 - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Desportivo - IPDJ), nesse sentido, a Formação dos Treinadores não deveria incidir somente no conhecimento técnico tático ou metodológico da modalidade, mas também sobre as questões éticas/morais e formação pessoal/social dos jovens, ou seja, pedagogia desportiva.


Sendo que existe esta lacuna na Formação de Treinadores, deveriam ser os próprios a investir um pouco mais nestas áreas para melhor poderem desempenhar as suas funções enquanto Treinadores (Educadores) de crianças e jovens.

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