Há uns tempos atrás li este texto, o qual gostaria de fazer uma reflexão do mesmo: "Um pai pergunta para outro: - Porque gastas tanto dinheiro e tanto tempo a correr de um lado para o outro para ver o teu filho a treinar e a disputar campeonatos de futebol? O outro pai responde: Bem, eu tenho que te dizer, eu não pago para o meu filho treinar Futebol! - Então, se não pagas para ele treinar e jogar, o que estás a pagar? Replica o outro pai. - Bom… - responde o pai do atleta. - Eu pago por aqueles momentos quando o meu filho está tão cansado e sente que quer desistir, mas não desiste... Eu pago pela oportunidade do meu filho poder ter amizades duradouras. Eu pago pela oportunidade de que ele possa ter incríveis mestres que lhe irão ensinar não apenas sobre a luta, mas sobre o jogo da vida. Eu também pago para que o meu filho possa aprender a ser mais disciplinado. Eu pago para que o meu filho possa aprender a cuidar do seu corpo. Eu pago para que o meu filho possa aprender a trabalhar com os outros, a ser solidário, gentil e um bom membro de EQUIPA! Eu pago para que o meu filho possa aprender a lidar com a deceção, quando não ganha ou erra um passe, embora tenha praticado mil vezes, mas ainda assim ergue a cabeça e está determinado a fazer melhor da próxima vez... Eu pago para que o meu filho possa aprender a alcançar objetivos. Eu pago para que o meu filho possa aprender que trabalhar durante horas e horas arduamente, leva à criação de um campeão e que o sucesso não acontece do dia para a noite. Eu pago para que o meu filho possa estar num campo de futebol, ao invés de se interessar com as coisas erradas... Eu poderia continuar a falar, mas para ser breve, eu não pago para ele treinar nem jogar, eu pago pelas oportunidades que o desporto lhe proporciona para desenvolver atributos que servirão para o bem de toda a sua vida e lhe darão a oportunidade de abençoar a vida de outros, respeitando todos os espaços. Pelo que tenho visto, por muitos e muitos anos, acho que é um grande investimento, e isso, é o que posso deixar tanto para o meu filho como para sociedade." (Desconheço o autor)
Pessoalmente, gosto imenso deste texto. Este texto demonstra tudo aquilo que eu penso que o Futebol de Formação DEVERIA de ser. Escrevo DEVERIA, porque infelizmente o Futebol de Formação, de um modo geral, está muito longe desta realidade.
Pelo que tenho assistido, acredito que existem pais que pagam para os seus filhos jogarem futebol, na esperança que um dia venham a ser jogadores profissionais ou então para que possam viver os seus sonhos de jovens através dos seus filhos.
As amizades... A questão das amizades é uma grande verdade. No futebol podemos fazer amigos para toda a vida. Mas também é verdade que os pais, muitas vezes também acabam por criar grandes amizades entre si. Até aqui, tudo bem, o problema coloca-se quando um jovem é retirado da equipa, porque não evoluiu o suficiente (ou vice versa), e é colocado em outra equipa. Alguns pais vêm isso como um problema, não pensando na evolução do seu filho, mas sim no seu grupo de amigos que terão que abandonar, acabando por levantar problemas.
Passando agora para os “Mestres” como refere o autor. A palavra Mestre está associada a alguém que domina e ensina com sabedoria determinada atividade. A verdade é que a palavra Mestre não se adequa, a muitos treinadores que andam no Futebol de Formação. Aliás mesmo a própria denominação de treinador acaba por ser um elogio para alguns. Sou da opinião que o IPDJ ou a Federação Portuguesa, ou As Associações de Futebol (não sei a quem compete decidir), deveriam ponderar seriamente os cursos de Nível I e II, no que concerne ao treino para jovens. Estes cursos deveriam estar sub divididos em, pelo menos 3 grupos: treino de jovens, treino de seniores e futebol feminino (que está a crescer cada vez mais, e ainda bem), onde cada grupo deveria ter disciplinas especificas. No caso especifico do treino de jovens, certas disciplinas deveriam de ter uma grande carga horária como: Pedagogia, Psicologia, Ética, Metodologia de Treino para jovens (estas disciplinas já existem, mas com uma carga horária diminuta). Ora, os treinadores que não têm qualquer competência para treinar jovens, acabam por transmitir tudo o que o autor do texto refere, mas de uma forma negativa: indisciplina, individualismo, descuido com o corpo (exemplo onde também culpabilizo os pais - chegar ao clube já com as chuteiras calçadas, sendo que alguns deles até já vêm com elas da escola), aumentar a frustração (berros quando se falha um passe, uma defesa ou um golo), alcançar objetivos, ser-se campeão ou ter sucesso (quando só se fala de tudo isto no plano do resultado desportivo).
Também acredito que existem pais que colocam os seus filhos a jogar futebol, simplesmente para criar hábitos de estilos de vida saudável, e assim mantê-los afastados dos aspetos negativos da sociedade como a droga...
Para terminar, deixo aqui o que eu já tinha escrito anteriormente:
- O Futebol de Formação serve para formar jovens em todas as suas competências: pessoais, desportivas, educativas e morais.
- O principal objetivo dos clubes, através dos seus treinadores e todos os agentes desportivos que acompanham os jovens, deve ser a formação dos jovens e só depois os resultados desportivos.
Este é o grande desafio (que os Dirigentes, Treinadores, Pais e restantes Agentes Desportivos), o de transmissão dos valores humanos aos jovens que têm à sua responsabilidade através do FUTEBOL, e que é realmente a verdadeira base da FORMAÇÃO!
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